My name ain’t Johnny

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Não sou muito aficionada pelo Cinema Nacional, mas, como já comentei em outros posts, quando se está morando fora é como se você fosse acometido por um orgulho que o faz querer prestigiar o Brasil em todas as oportunidades.

E não poderia ser diferente com o 13th Latin American Film Festival aqui em Ottawa, promovido pelo Canadian Film Institute.

O domingo foi dedicado ao Brasil, com reprodução de duas películas:

Jogo de Cena (Playing): documentário que “conversa” com a ficção e 
Meu nome não é Johnny (My name ain’t Johnny): filme de ficção baseado em fatos.

jogo-de-cenaMuito interessante a idéia da Embaixada Brasileira em disponibilizar filmes que “brincam” um pouco com as duas linguagens: documentário e ficção. O primeiro, Jogo de Cena (assista ao trailer), dirigido por Eduardo Coutinho, documentarista brasileiro de renome internacional, foi o que mais me tocou, particularmente a história da senhora que perdeu o filho em um assalto. Também dei muitas risadas nervosas ao ouvir este comentário de uma garota ingênua e analfabeta, que me fez refletir sobre o quanto a educação é importante e o quão crítica está a situação de nosso país nesse aspecto:

“Eu pensei que para engravidar era preciso ‘fazer’ muitas vezes, que uma ‘rapidinha’ não contava. Tive até medo que minha filha nascesse com algum problema, tipo ‘faltando alguma coisa’, por ter sido só uma vez e tão rápido. É por isso que eu parei definitivamente de ‘fazer’: se só com uma ‘rapidinha’ eu já tive uma menina, imagina ‘o que é que não vai sair’ se eu fizer muitas vezes?!”.

Ele tinha tudo, menos limite.

Ele tinha tudo, menos limite.

Acho que Jogo de Cena impressionou pela originalidade. Já o “Johnny” chamou a atenção dos mais velhos pelo fato de um garoto que tinha tudo e todo o carinho dos pais ter se envolvido a tal ponto no mundo das drogas sem que os mesmos sequer desconfiassem. Como a própria tagline do filme diz:

He could be your son’s best friend. He could be dating your daughter. He is the sweetest drug dealer… and he is real.

(Ele poderia ser o melhor amigo do seu filho. Poderia estar namorando a sua filha. Ele é o mais “doce” dos traficantes… e ele é real).

Para a exibição de Meu nome não é Johnny (trailer), sucesso de público do ano passado, o auditório da Libray and Archives Canada (Biblioteca do Arquivo Nacional) estava praticamente lotado e, de modo impressionante, quase não havia brasileiro. A maior parte do público era formada por latinos e pessoas da região francesa do Canadá, com a qual Ottawa faz fronteira.

É que se tratou de um evento “importante”, que contou com a presença do Embaixador do Brasil e sua família em ambos os filmes, bem como de embaixadores de outros países da América Latina e até mesmo da Mongólia. Foi a segunda vez que vi o Embaixador do Brasil (a primeira eu contei aqui).  

Após a exibição dos filmes, a noite do evento foi encerrada com Wine and Cheese (Queijos e Vinhos). Melhor pra mim, pois, depois de muito, muito tempo, pude comer coxinha, pão de queijo e empadinha à vontade.

Diferente a experiência de assistir a filmes falados em português com legenda em inglês, em sessões em que as pessoas ficam de pé e batem palmas ao final das exibições. Acho que esse é o próprio conceito de um Festival de Cinema. Afinal, se o cinema é considerado a “sétima arte”, por que não aplaudir um trabalho de qualidade?

Amazing Grace

Quando você embarca em uma viagem como essa, são incontáveis as expectativas. Afinal, você irá conhecer lugares e pessoas diferentes, “aprender a se virar sozinho” e viver experiências incríveis. Vem à mente algo como “ver a neve”, patinar no gelo e diversas idas a museus, shows, teatros…

No entanto, eu acho que o que marca mesmo em uma viagem são as situações inesperadas, daquelas que nem o mais experiente dos viajantes poderia prever em seu check-list. Eu já esperava ter várias histórias para contar sobre “estar perdida no meio da cidade” ou sobre as minhas inúmeras “quedas no gelo”, mas nunca imaginei vivenciar metade das experiências por que de fato estou passando.

Hoje, pela primeira vez em minha vida, eu fui a um enterro.

Mas não hás de ficar triste, querido co-piloto. Esse post não tem essa intenção. Acho importante aprendermos com nossas experiências, bem como as compartilharmos. Por isso, decidi escrever também sobre essa situação que, apesar das circunstâncias, não deixa de ser um modo de aprender um pouco mais sobre esse país e sua cultura.

Segue então o meu relato sobre essa experiência.

A mãe de uma colega de trabalho que é bastante próxima faleceu e todos nós fomos ao velório e ao enterro que, no Canadá, costuma acontecer uns 5 dias após o falecimento (não há missa de 7º dia geralmente). Hoje a “escolha” mais comum é a cremação, até porque é a opção de menor custo (e, como vocês verão mais adiante, além disso há certas questões práticas, por assim dizer). As pessoas mais idosas ainda têm um pouco de resistência a esse “método” e há também aspectos religiosos envolvidos. No “caso” em questão houve um “enterro tradicional”.

No velório, o caixão estava fechado. Em todo caso, normalmente o corpo é embalsamado. Havia flores, cartões, fotos e outros objetos que lembravam a pessoa falecida. O culto foi celebrado na própria casa funerária. Devido ao imenso número de religiões no Canadá (tanto cristãs quanto não-cristãs), algumas famílias preferem proceder dessa forma, com uma espécie de “culto ecumênico” em vez do deslocamento para um templo de determinada religião.

O curioso da cerimônia é que o pastor parecia um Rock Star (opinião compartilhada por outras pessoas). Ele tinha “cabelo espetado” (spike hair em inglês), embora estivesse com a tradicional vestimenta preta. Assim que chegou ao altar, o pastor pegou um violão, pendurou-o no pescoço e começou a cantar um dos cânticos do livreto, I come to the garden alone. Não por acaso, Elvis Presley imortalizou essa música (clique para ouvir). A voz do pastor era mesmo muito bonita e contribuiu para o clima pretendido de “celebração da vida” do ente querido em oposição à pura lamentação de sua morte.

É de chamar a atenção como no Canadá há que sempre se considerar a diversidade. O pastor falou algo como “Ainda que Lhe demos nomes diferentes, o Senhor é o mesmo Deus para todos”.

O discurso feito pela minha colega de trabalho em homenagem à sua mãe foi muito tocante. Nele, ela citou a música favorita da mãe, a qual reproduzo trecho da letra:

We’ll meet again [Nós nos encontraremos de novo]
Don’t know where
[Não sei onde]
Don’t know when
[Não sei quando]
But I know
[Mas eu sei]
We’ll meet again
[Nós nos encontraremos de novo]
Some sunny day
[Em algum dia ensolarado]

Clique para ver o resto da letra

Procurei na Internet e vi que, além da versão mais conhecida, de Vera Lynn, a também britânica Julie Andrews gravou a música em um especial de TV. A música tornou-se um marco durante e após a 2ª Guerra Mundial, uma vez que os soldados e as suas famílias não sabiam ao certo se os mesmos retornariam, como muitos de fato não retornaram.

Coincidentemente, a música de encerramento da cerimônia, talvez a música gospel mais famosa no mundo (depois de Oh Happy Day), também foi marcante durante uma guerra. Amazing Grace, também interpretada por Elvis Presley entre tantos outros, foi uma espécie de hino para ambos os lados da Guerra Civil dos EUA, no final do século XVIII, embora tenha sido escrita por um britânico.

O funeral aconteceu em um dia bastante ensolarado (afinal é primavera), embora estivesse muito frio, mais ou menos 15 graus negativos (afinal é Canadá). Ao menos quase toda a neve já havia derretido. Perguntei a uma colega como era o “procedimento” durante o inverno, uma vez que está tudo coberto de neve. Ela explicou que nesses casos o corpo é mantido em uma cripta até que possa ser enterrado (o que pode demorar meses). Como eu disse anteriormente, é mais um motivo para a cremação ser preferência da maioria.

Após o enterro no cemitério, voltamos à funerária para aquela parte em que vários pratos são servidos e as pessoas conversam animadamente (algo meio que difícil de entender, mas que é semelhante em qualquer lugar do mundo).

Enfim. Acredito que tudo que eu descrevi é bem próximo do que acontece no Brasil, mas no Canadá esse rito pode ser realizado de diversas formas, especialmente se você considerar o número de imigrantes orientais, que de um modo geral têm uma visão diferente da cristã ocidental.

Para fechar, deixo o comentário que ouvi quando uma situação cômica ocorreu durante a cerimônia, dessas com alguém um tanto quanto desajeitado ou desastrado, em que ninguém conseguiu segurar o riso:

“One laugh at the strangest moments…” (As pessoas riem nos momentos mais estranhos)

 

 

Bono Vox e a AIESEC

Uma charada para os meus queridos co-pilotos:

O que Bono Vox (líder da banda U2), Bill Clinton (ex-presidente americano) e o vencedor do prêmio Nobel da Paz em 2008 (Martti Ahtisaari) têm em comum?

Resposta: Todos um dia já foram membros da AIESEC!!!

Eu já falei, em meu primeiro post, sobre essa que é a maior organização estudantil (não-governamental) do mundo e também responsável pela minha vinda ao Canadá. Para saber mais, basta clicar na logo localizada no menu direito do blog.

Em tempo: A AIESEC em Recife está com processo seletivo aberto. Inscrições até 20 de março (sexta-feira).

U2 360 tourAgora, voltando ao assunto “Bono Vox”…

A banda U2 iniciará nova turnê global em 30 de junho, com show já marcado em Toronto para daqui a precisos 6 meses, em 16 de setembro!!!

Essa eu não posso perder! Estou só esperando os ingressos serem colocados à venda. Afinal, sai mais barato viajar de Ottawa para Toronto do que de Recife para São Paulo para acompanhar o show. A previsão é de que a banda irlandesa chegue ao Brasil entre o final de 2010 e o início de 2011.

E essa turnê é ainda mais especial porque será a primeira vez que uma banda monta uma estrutura 360º, que permite à audiência acompanhar o show de qualquer ponto do estádio com um excelente campo de visão.

Será que a banda irá bater o recorde da Madonna?

Estamos chegando lá

Outro dia eu comentei em outro post como o Canadá é um país atrasado. Mas é sempre reconfortante saber que estamos chegando lá…

Com o horário de verão iniciado hoje (8 de março), estamos agora apenas uma hora “atrasados” em relação ao Brasil.

Um dia, quem sabe, a gente chega lá!

(É tipo o sonho do irmão mais novo de ter a mesma idade do irmão mais velho).

Detalhe: Ainda estamos bem distante do verão. Depois do inverno, que só acaba dia 21, ainda teremos a estação “Ainda inverno”  (leia mais sobre as “estações no Canadá” nesse post).